FREVO DA CABEÇA AOS PÉS
O tempo está por toda parte e em todas as coisas. No nosso corpo, nos outros seres, nos lugares que visitamos, no que preservamos. Uma olhada rápida na nossa história revela um vasto conjunto de objetos, muitos deles impregnados de importância e afetividade, guardando sentidos para além de suas utilidades. Inseridos na malha de nossas relações cotidianas, alguns objetos podem, de tão corriqueiros, não ser percebidos como as travessias temporais que são.
Roupas, adereços, ornamentos corporais, instrumentos musicais, fotos e máscaras… Objetos utilitários e sagrados, cerimoniais e de arte circulam em nossa vida social, situando-nos, representando-nos, identificando-nos. Através deles, constituímos subjetividade individual e coletivamente. Compreendê-los é captar, de forma sensível, a própria dinâmica da sociedade, seus conflitos, ambiguidades, lutas, tradições, hiatos.
Os objetos do Frevo são exemplos dessas inúmeras declarações sobre nossa identidade, nossos objetivos e nossos sonhos. Estabelecem e traduzem, acima de tudo, relações de intimidade que cultivamos, ligando o passado ao futuro. Em Frevo da Cabeça aos Pés, propomos um mergulho em um baú repleto de elementos materiais que remetem ao frevo e às suas diferentes trajetórias. Os objetos aqui são peças de celebração, abrigos de lembrança, falam não apenas aos próprios donos mas permitem conversas múltiplas.
São apresentados como memória-corpo do Carnaval – cabeça, tronco, mãos e pés – que conectam cada sujeito à coletividade, reconhecendo o papel que esses elementos desempenham no processo de formação de diversas linguagens, memórias e histórias do frevo. Portadores de biografias que imprimem marcas, tais objetos acolhem este corpo-frevo num habitat que permite uma experiência de criação e de recriação, do visível e do invisível presentes nas diversas histórias a eles relacionados. O caminho, portanto, é o de sugerir, evocar imagens, provocar sensações e revelar os diferentes significados contidos nos objetos.
Por meio desses elementos que compreendem esse frevo corporificado, podemos, ainda, estabelecer relações com cada um de nós, os que vivem o frevo e os que ainda estão por descobri-lo. Trata-se de um convite ao visitante para participar, por instantes, desse universo, conduzido a partir de perguntas: Quais dos objetos daqui você guarda em si? Quais já estiveram na sua história? Quais trajetórias eles revelam? Como o frevo se manifesta em você? Entre e descubra o corpo-frevo que faz parte de todos e de cada um de nós!
Ficha Técnica
Paço do Frevo – Frevo da Cabeça aos Pés – 2018
PREFEITURA DO RECIFE
Prefeito
Geraldo Julio
Vice-prefeito
Luciano Siqueira
Secretária de Cultura
Leda Alves
Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife
Diego Rocha
PAÇO DO FREVO
Organização Social Gestora
Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG
Presidente do Conselho Administrativo
Fred Arruda
Conselheiros
Joana Pires, Paulo Jobim, Regina Gaudêncio, Roberto Souza Leão
Diretor Presidente
Ricardo Piquet
Diretor Executivo
Henrique Oliveira
Diretora de Gestão e Planejamento
Roberta Guimarães
Diretora de Projetos e Captação de Recursos
Renata Salles
Diretora de Programação
Adriana Rodrigues
Gerente Geral
Eduardo Sarmento
Gerente de Desenvolvimento Institucional
Joana Pires
Gerente de Conteúdo
Nicole Costa
Gerente Administrativo Financeira
Márcia Silva
Coordenador de Música
Sergio Gaia
Coordenadora de Dança
Daniela Santos
Coordenadora do Educativo
Vanessa Marinho
Coordenadora de Operações
Nathalia Fialho
Produtora Cultural
Naara Santos
Supervisora de Recursos Humanos
Graça Filizola
Analista de Compras
Pollyana Ramalho
Analista Financeira
Gleicy Aquino
Assistente de Planejamento e Gestão
Thyago Novacosque
Assistente de Desenvolvimento Institucional
José Terceiro
Assistente de Tecnologia da Informação
Marcos Braga
Assistente de Pesquisa
Luiz Santos
Assistente de Documentação e Memória
Mônica Silva
Técnico de Áudio
Matheus Rodrigues
Técnicos de Manutenção
Aleudo Ferreira, Fábio Ângelo
Recepcionistas
Alice Guedes, Brena Freitas, Sara Fogo
Educadoras
Lays Amanda, Rayane Mendes
Estagiários
Ana Carolina Lopes, Anna Helena Vasconcelos, Bruno León, Caroline Ferreira, Emerson Sarmento, Igor Barreto, Jéssica Silva, Maria Luiza Andrade, Maria Luiza Oliveira, Rafael Lins, Rudah Lopes, Sibelli Carvalho, Thiago Brito
FREVO DA CABEÇA AOS PÉS
Coordenação Geral
Nicole Costa
Concepção e Curadoria
Daniela Santos, Eduardo Sarmento, Joana Pires, Luiz Santos, Mônica Silva, Nicole Costa, Sergio Gaia, Vanessa Marinho
Pesquisa e Textos
Daniela Santos, Eduardo Sarmento, Joana Pires, Luiz Santos, Nicole Costa, Sergio Gaia, Vanessa Marinho
Cocriação
Anax Botelho, Almicar O. Bezerra, Caio Sales, Cid Cavalcanti, Claudio Brandão, Ednaldo Pereira de Araújo, Edson Rodrigues, Fernando Zacarias, Ferreirinha, Flaira Ferro, Gustavo Alex Camelo, Izabel Cristina A. Bezerra, Jaques Cerqueira, Jefferson Figueirêdo, Juliano Cavalcanti, Julião das Máscaras, Júnior Viégas, Maestro Spok, Marco César, Maria Flor, Marcia Nunes, Mércia Nunes, Mônica Siqueira, Naná Moraes, Otávio Bastos, Pedro Soares, Perácio Gondim, Rivaldo Santana, Romildo Canuto, Sérgio Roberto de Souza, Severino Vila Nova, Tábida Bandeira, Valéria Moraes, Walmir Chagas, Wilson Aguiar, Zezita Barbosa
Agradecimentos
A todas e todos co-criadores que nos receberam de braços abertos, e colaboraram para a realização desta exposição. Também agradecemos às agremiações: A Troça, Bloco Carnavalesco Lírico Cordas e Retalhos, Bloco da Saudade, Bloco Segunda Tem Palhaço, Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda, Clube das Pás, Clube de Boneco Garoto de Guadalupe, Clube de Boneco Seu Malaquias, O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico, Troça Carnavalesca Ema Gemeu, Troça Carnavalesca Lavô tá Novo!, Troça Carnavalesca Mista Cariri Olindense, Troça Carnavalesca Mista Tá Maluco, Troça Carnavalesca Mista Trinca de Ás.
Expografia
Eduardo Souza (ArtMonta)
Assistente de Expografia
Morgana Braga
Produção Cultural
Gabriela Izidoro, Mayara Magalhães
Design e Programação Visual
Mayara Magalhães
Chefe de Montagem
Arthur Souza
Cenotecnia, Montagem Fina e Iluminação
Alessandro Fábio, Ambrósio Vasconcelos, Artur Rocha, Igor Feitosa, Jhenifer Galvão, Valmir José
Fotografia
Renato Filho, Stephany Cardoso
Maquiagem
Laércio AZ
Modelo
Poliana Alencar
Sign e Plotagem
Uzisign
Épura
FREVO EXPERIMENTAL: TRÂNSITOS E EXPERIÊNCIAS CRIATIVAS
“Experimentar… Palavrinha buliçosa, ação impertinente, teimosa como o anseio humano de não ter limites. Tão antiga e atual que vive a ludibriar o velho-novo, brincando de inusitada! Num tempo, evocação do passado ancestral; e, noutro, memória viva em perene transe. É frevo, meu bem! Um enigma a ser declarado acorde por acorde, passo a passo, e nunca totalmente desvendado. Desafiador e mágico, revela uma musicalidade inconfundível e deflagra, na dança liberta, o gestual que habita na ousadia de cada corpo se fosse único.”
Carmem Lélis, historiadora.
Frevo, manifestação cultural que se originou e se articula, sistematicamente, na diversidade de expressões: música, dança, movimentos, adereços, indumentárias, repertórios, ícones, ações individuais e coletivas, territórios afetivos. Surpreendentemente, é passível de identificação e comunicação a partir de apenas uma via de expressão, como sinapses entre células que, quimicamente, se organizam em diferentes combinações e arranjos, sem, entretanto, alterar o seu DNA.
O frevo foi criado no espaço urbano do Recife, nos embates sociais, compreendidos e expressados principalmente no Carnaval, nas ruas… Passando por processos constantes de experimentação, caminhos autorais, mudanças, contundências… Afirmando-se também nos palcos, propondo outras atitudes e expressões, ampliando diálogos com outras culturas, intensificados pelo reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Humanidade.
O frevo sai das ruas e experimenta outras possibilidades que vão além do “desvinculamento do Carnaval”; com novas potencialidades, ganhos e expressões. Desses novos palcos, diálogos e gramáticas, reverbera para essas mesmas ruas, seu berço e nação, como um eterno retorno; como uma afirmação de uma genética “carnavalizante” que está presente nos 365 dias de um povo.
Abordar o tema experimental reafirma a sua identidade sociocultural, sua essência e sua renovação contínua. O frevo, resultante de um sistema de relações e internalização, nos permite pensar num “sentimento frevo”, “ser e estar frevo”, nesse processo de luta constante para ocupar espaço, viver, preservar e ser realimentado. É também confrontar com aqueles que o concebem como círculo fechado, provocando, nesse embate, reações e resistências que proporcionarão um estimulante debate.
Vivenciar é perceber esse universo de trocas e experimentações que apontem outros caminhos. O público poderá interagir, manipulando diversos agrupamentos de sons e movimentos, sentir e reagir ao estímulo de liberdade, transgressão, irreverência e malícia. Ser frevo é ter abertura, cidadania e energia para viver e se reconhecer na diversidade!
Experimentar você frevo!
Ficha Técnica
Paço do Frevo – Frevo Experimental – 2016
PREFEITURA DO RECIFE
Prefeito
Geraldo Julio
Vice-prefeito
Luciano Siqueira
Secretária de Cultura
Leda Alves
Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife
Diego Rocha
PAÇO DO FREVO
Diretor-executivo
Ricardo Piquet
Gerente Geral
Eduardo Sarmento
Gerente de Desenvolvimento Institucional
Joana Pires
Gerente de Conteúdo
Nicole Costa
Coordenador de Música
André Freitas
Coordenadora de Dança
Daniela Santos
Coordenadora do Educativo e Programação
Leila Nascimento
Coordenador de Documentação e Pesquisa
Leonardo Esteves
FREVO EXPERIMENTAL: Trânsitos e Experiências Criativas
Coordenação Geral
Cátia Avellar
Concepção
Eduardo Sarmento, Cátia Avellar, Renata Pinheiro
Curadoria e Pesquisa
Cátia Avellar, Renata Pinheiro
Pesquisa
Leonardo Esteves, Luiz Santos e Mônica Silva
Consultoria
André Freitas, Carmem Lélis, Daniela Santos, Joana Pires, Leila Nascimentos, Leonardo Esteves, Nicole Costa
Educativo
Leila Nascimento
Edição de Vídeo
Bia Baggio / Aroma Filmes
Montagem
ZDB Produções
Apoio institucional
Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj e Companhia Editora de Pernambuco – Cepe
Realização
Paço do Frevo, Instituto de Desenvolvimento e Gestão
Conselho Curatorial
Cátia Avellar, Luiz Santos, Renata Pinheiro, Ricardo Brasileiro e Ricardo Ruiz
Narrativa Expositiva e Projeto Expográfico
Cátia Avellar / AFM – Arquitetos, Renata Pinheiro / Aroma Filmes
Equipe AFM Arquitetura:
Estagiário
Brenno Barbosa de Castro
Design Gráfico
Raul Kawamura
Produção e Design Gráfico (Interno Expositivo)
Hércules J. S. Dias
Vídeo Instalação:
INVOCAÇÃO, Renata Pinheiro, Sérgio Oliveira 2016
Produção de Arte Instalação / Aderecista
Leila Bastos
Artistas Colaboradores
Almir Freire Mariz, Almir Freire Mariz Júnior, Hemerson Souza
Vídeo
Roteiro
Sérgio Oliveira
Montagem
Renata Pinheiro
Produção
Gabriela Alcântara
Fotografia
Breno Cezar
Elenco
Nido de Godô
Trilha Sonora
Yuri Queiroga
Música
Frevotron
Ambiente Interativo fr3v0, 3Ecologias e Voxar Labs, 2016
Vision Technology by Voxar Labs CIn/UFPE
Animação (Gifs)
Leo Pyrata e 3Ecologias
Material Textual
“Desafios para uma candidatura ao Patrimônio Mundial” (2014), Carmem Lélis
Agradecimentos
Cristiano Lopes, Sérgio Lelo e equipe 3Ecologias, Verônica Teichrieb, Lucas Figueiredo e equipe Voxar Lab, Maestro Spok e os Tubarões do Pina, Júnior Evangelista e equipe, Carranca, Otávio Bastos, Antonino Martins, Cláudio Nery e equipe ZDB, Mila Avellar Montezuma e todos os que cederam suas imagens e ajudaram, de alguma forma, com a realização dessa exposição.
SÃO JOSÉ: TERRITÓRIOS DO FREVO
Algumas vezes, lembrar o que “já foi” pode ir além de sentir saudade, assim como cantar o que passou prescinde da vivência. A reestruturação ou manutenção de lugares, sentidos e símbolos parece ser tarefa constante da memória coletiva, no encalço das relações de afinidades, identidades e tantas outras demarcações de territórios, sejam eles físicos ou simbólicos. “Eu sou de São José” é uma afirmativa recorrente entre as pessoas que nasceram, viveram ou mesmo participaram intensamente da efervescência de um centro urbano em expansão, de um lugar de confluência da festa, da fé e dos embates para a sua apropriação.
“Ah! Se essa rua fosse minha…” E não é? Se o tempo inexorável desfigurou, transgrediu, alterou, por outro lado não conseguiu apagar o percurso nem arrancar da lembrança viva a sua biografia. Porque essa intimidade não extingue por decreto; contraditoriamente, mantém-se pela pertença e pela teimosia. Uma vez que as noites de São José já não se enfeitam com cadeiras nas calçadas; costureiras, bordadeiras, engomadeiras já não varam as noites preparando os carnavais; as famílias já não correm às janelas para apreciar a festa; a cidade encarrega-se da reverência, ocupa seu espaço na memória recente e continua a contagiar com o Micróbio do Frevo os sentimentos atemporais.
De que são feitos os dias? De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças, responde Cecília Meireles. (Des)encontros, lampejos de felicidade, esperanças furtivas, alegrias sufocantes, ternas tristezas… O dia é feito de momentos e emoções que se interconectam no embalo do movimento de rotação da terra. O tempo contado pelas relações vividas, pelas felicidades sentidas, traduzidas em poesia e sátira próprias à visão carnavalesca de mundo. Histórias e memórias que inebriam o futuro, preparando-o para se transformar em passado e, assim, a espiral segue a mais um ano de horas invisíveis.
No bairro de São José, ruas e praças pulsam carregadas de memória, religiosidade e festa. São comuns as lembranças e as evocações dos carnavais de outrora, dos desfiles dos corsos, dos clubes e blocos de frevo, ocupando todos os logradouros. Rua da Concórdia, Pátio do Terço, Rua Direita, Rua da Horta, Pátio de São Pedro… o Carnaval intimista, das famílias, das agremiações tradicionais, que no passado desfilavam para apreciação pública. São José Território(s) do Frevo expõe um coração que faz circular em artérias urbanas paixões e arte em um fluxo vital, verdadeiro movimento de saúde.
Carmem Lélis
Hugo Menezes
Ficha Técnica
Paço do Frevo – São José: territórios do frevo – 2014
PREFEITURA DO RECIFE
Prefeito da Cidade do Recife
Geraldo Julio
Vice-prefeito da Cidade do Recife
Luciano Siqueira
Secretária de Cultura
Leda Alves
Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife
Roberto Lessa
Créditos
Coordenação geral
AFM Arquitetos, Cátia Avellar
Idealização
Carmem Lélis e Cátia Avellar
Curadoria e Pesquisa
Carmem Lélis e Hugo Menezes
Pesquisa musical
Zado Cabral
Expografia
Cátia Avellar, Izabel Cabral, Luciana Montezuma
Consultoria
Joana D’arc Lima
Coordenação Administrativo Institucional
Carmem Piquet
Educativo
Bruna Rafaela Ferrer
Assessoria pedagógica
Joana D’arc
Design gráfico
Raul Kawamura
Imagens
Acervo Raul Kawamura, Acervo Museu da Cidade do Recife, Acervo Casa do Carnaval, Acervo Cristina Machado
Vídeos
Coletivo Jacaré – Pedro Andrade, Rafael de Amorim, João Lucas e Hugo Coutinho
Animação
Paulo Leonardo
Apoio à produção audiovisual fotográfica
George Araújo
Montagem/iluminação/som/imagem/voz
ZDB Produções – Carlos Eugênio
Agradecimentos
Edson Rodrigues (Maestro), Sevi Caminha (Carnavalesca), Pierrot de São José, Edite (Carnavalesca do Batutas de São José), Marcelo Varella (compositor e trabalhador da cultura), Casa do Carnaval, Leonor Mesel