Maior renovação do museu em seus 11 anos dedicados a salvaguardar o patrimônio cultural da humanidade, o novo espaço da mostra “Frevo Vivo” contempla os territórios e personagens que fazem o Frevo pulsar
O palácio dedicado ao Frevo no Recife apresenta a mais importante renovação conceitual e estrutural de sua história. Após melhorias no prédio secular, a nova exposição principal do Paço do Frevo, batizada de “Frevo Vivo”, será inaugurada dia 29 de maio, às 19h, com expografia totalmente renovada. E o público, que terá acesso gratuito à noite de celebração, será recepcionado pelo Quinteto Pernambucano, grupo de cordas que funde a vibração do Frevo e a sonoridade única da música armorial, e pelo frevo rasgado da Orquestra do Maestro Oséas, tudo sob a benção do llê Axé Ojuomi, que saúda o Paço com corpo, canto, dança e axé.
“Esta é a mais significante entrega em 11 anos de Paço do Frevo e reflete uma preocupação constante com o bem material e afetivo a que nos foi designado salvaguardar. A continuação da exposição ‘Frevo Vivo’, que começou pelo térreo e agora chega ao terceiro andar do museu, é uma demonstração de respeito por quem está produzindo o Frevo todos os dias nos seus territórios com devoção, amor e excelência. É a expressão pura de nossa identidade e do nosso orgulho”
Festeja Luciana Félix, diretora do equipamento da Prefeitura do Recife, gerido desde sua criação pelo idg – Instituto de Desenvolvimento e Gestão. O Paço é o museu público municipal mais visitado da capital – mais de 1 milhão de pessoas já o visitaram desde a sua abertura.
“O Frevo é um símbolo vivo da nossa identidade cultural, um movimento que transcende o Carnaval e se reinventa diariamente. A exposição ‘Frevo Vivo’ reflete essa essência: uma celebração da diversidade, da memória e da capacidade de transformar o presente. No idg, acreditamos em esperançar futuros possíveis, e o Frevo é um exemplo poderoso disso – uma manifestação que conecta gerações, preserva tradições e inspira novos caminhos”, assegura Ricardo Piquet, diretor-geral do idg.
O investimento é da ordem de R$ 5 milhões em recursos incentivados via Lei Rouanet, mecanismo de fomento do Ministério da Cultura. A exposição tem apresentação do Instituto Cultural Vale e patrocínio da Nubank.
“O Instituto Cultural Vale tem compromisso com o fomento à cultura e a valorização das nossas diversas expressões artísticas. Assim, é uma alegria estar ao lado do Paço na inauguração desta experiência tão rica que é ‘Frevo Vivo’. Que pela atuação do Paço e sua nova exposição principal, esta manifestação cultural tão representativa de Pernambuco e do Brasil possa alcançar e encantar ainda mais pessoas”, diz Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale.
CONCEITO – Seguindo o lema primário de que o Frevo ultrapassa a fronteira temporal do período carnavalesco e está vivo em cada escaninho do Recife e de Pernambuco durante todo o ano, a nova exposição principal apresenta um retrato do tempo presente, contemplando o hoje e os territórios do Frevo, dentro e fora do Estado. Esse recorte cronológico e geográfico se ampara em um dos mais potentes motores de inovação do Frevo: as comunidades. Se o centro das cidades é o palco, a coxia e os bastidores ficam nas comunidades periféricas que o renovam e recriam.
A nova configuração da principal exposição do Centro de Referência em Salvaguarda do Frevo vai propiciar uma visita aos bastidores e aos personagens que fazem o Frevo ser o que é, dando destaque aos locais onde é mais observada a ocorrência da manifestação: os bairros do Recife, de Olinda, as cidades do interior do Estado, além das esquinas do Brasil e do mundo onde o Frevo pulsa.
Em duas salas imersivas, a tecnologia promove um mergulho na dança e na música. Em “Nós no Frevo”, uma projeção, concebida e dirigida pela passista e professora Rebeca Gondim, e espelhos convidam a cair no passo sob o ritmo de coreografias inéditas a partir da diversidade dos corpos de passistas e territórios múltiplos. Na sala “No Compasso do Frevo”, o visitante vira maestro. Ao som de uma canção original encomendada pelo Paço ao maestro pernambucano Rafael Marques e à cantora Isadora Melo, é possível comandar a música, destacando cada um dos instrumentos que a compõem, e ainda eleger se a composição será executada no compasso do frevo de rua, frevo de bloco ou frevo-canção.
Os estandartes e flabelos, que já ambientavam o espaço na sua primeira montagem, ganham ainda mais realce na nova Praça do Frevo, agora em vitrines e no alto da sala. Fotos e textos ocupam as paredes para contar a história dos territórios e comunidades. Três quadros lenticulares em grande dimensão trazem situações e personagens do Carnaval em momentos diferentes, usando o curioso recurso de transição de imagens entre duas fotos. Telas touch dão ao visitante acesso às instalações interativas “Cartografias Sonoras”, e um monitor de 75 polegadas chega com a instalação audiovisual “Ruas”, em que dez personalidades do Frevo apresentam referências e lembranças vividas no período momesco.
Os tradicionais bonecos gigantes terão espaço cativo na Praça do Frevo, área que também é palco das apresentações artísticas que enriquecem as programações mensais do museu. Em duplas, eles serão revezados ao longo dos meses, numa reverência que o Paço faz a esses gigantes da nossa tradição. Abrindo a exposição, o calunga do Homem da Meia-Noite e a boneca gigante da Mulher do Dia dão as boas-vindas aos visitantes da mostra.
A secretária de Cultura do Recife, Milu Megale, comemora a novidade, que será mais um atrativo para novos e antigos públicos do museu. “O Paço do Frevo é uma joia da cultura do Recife e vem cumprindo brilhantemente, há mais de uma década, a sua missão de divulgar, fomentar e salvaguardar o Frevo. Esta nova exposição é mais um marco desse trabalho incrível.” Para o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Marcelo Canuto, quem vê a nova cara do Paço confirma o coração que, literalmente, pulsa dentro do equipamento. “O museu presta um serviço único e fundamental: de preservar o Frevo em todos os seus tempos, passado, presente e futuro, com uma gestão criativa e diferenciada, promovendo o encontro desse patrimônio com a cidade e suas mais diversas manifestações.“
A curadoria da exposição “Frevo Vivo” é assinada pela equipe do Paço do Frevo, e a responsável pelo novo projeto expográfico é a arquiteta paulistana Stella Tennenbaum. Formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, atua como cenógrafa desde 2009, com passagens pela Oka Cenografia, Museu da Casa Brasileira e T+T Projetos.